sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Medo

Acabo de voltar da pizzaria com meus dois filhotes, um pré e outro inteiro adolescente. Como sempre foi divertido. Mas eu queria voltar logo para casa, havia um sentimento que não conseguia entender direito. Chegando aqui, a ficha caiu. Era medo, puro medo.
Medo é um sentimento que nós, mães, conhecemos tão bem. Aprendemos a conviver com eles desde a primeira vez que esses bichinhos aparecem na nossa frente. Conseguimos em muitos momentos esquecer disso, tamanha a alegria que temos com eles. Mas ele volta, sempre nos ronda.
Hoje eu fiquei completamente arrasada ao saber que depois de mais de 100 horas de indefinições uma menina de 15 anos saiu baleada de um sequestro em sua própria casa e com todo mundo acompanhando pela tv. Talvez por ter se tornado um fato televisivo é que tenha ganho mais periculosidade. Mesmo assim, não consigo imaginar o que seus pais sofreram do lado de fora todo esse tempo, sabendo que ela estava em mãos de um louco de um lado e inábeis negociadores do outro.
Entre as vertentes dos nossos sentimentos sinistros está o pavor da impotência. Imagino o inferno dessa mãe com a filha tão perto mas sem poder falar ou salvar sua vida. Medo, medo, medo. Que outro sentimento podemos ter para nos libertar disso? Que horas devemos acreditar que algo acima de tudo isso nos protege? Medo, medo, medo.
A única vantagem das mães é que sempre há um viés de coragem. Nem que seja para trancar correndo as portas e janelas e mantê-los protegido. Pelo menos enquanto pudermos. Pelo menos enquanto eles ainda podem dormir tranquilos. Sinto muito, meu filhos, mas esse foi o mundo que deixamos para vocês. Dominado pelo medo.